sábado, 17 de outubro de 2015

Teceturas ... César Magalhães Borges

"Nunca aprendi a natureza das paixões, 

Mas as vivi todas em acidentes,

Sobrevivi a elas sempre doente,
Duelando amor e insanidade




Narconéctar que envenena a alma: 
sinto minha boca perdendo o sabor de tudo, 
Vejo minha roupa diluindo-se na cor das coisas
E a consciência nua abrigando-se sob os beirais







O céu se afirma azul depois da chuva pálida
e a tarde nos prepara chá e bolo para repartirmos palavras







A felicidade se faz de tijolos vermelhos,
tem plantas no quintal e traz a alma vestida em algodão







Uma vez mais, com linha e agulha, 
as manhãs retecem o amor que as noites desfiam e descobrem
Simplicidade do dia que a noite não vê,
simplicidade do amor que a paixão desconquista
sempre que projeta a vida projeta repentes e cores que a razão nunca lê."

César Magalhães Borges
escritor e professor universitário paulista
(1964 -       )

poema obtido no livro: Ciclo da Lua

3.ed.; São Paulo: Plêiade, 2011, p. 55

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