domingo, 27 de agosto de 2017

Autoplágio e Autocitação

Bom dia! Autoplágio consiste em reproduzir um texto próprio, em diferentes veículos, como se fosse inédito, original, sem que tenha sido reelaborado. Diferentemente do plágio, que está previsto no Código Penal brasileiro, o autoplágio não é criminalizado. Porém, se for identificado pela universidade, o acadêmico poderá ser reprovado na disciplina ou ter seu texto recusado como exigência parcial para a conclusão de seu curso.  Em 05 de março de 2017, publiquei um artigo intitulado “A redação científica”, cujo link é: [http://www.abntouvancouver.com.br/2017/03/a-redacao-cientifica.html]. Hoje vamos voltar ao assunto, em atenção às dúvidas da Nathália Duarte, vamos a elas:
Regina, acho que eu te amo! Hahaha Estou enviando hoje meu artigo pra penúltima etapa de análise do TCC da minha pós graduação, que foi feito com base na minha monografia aprovada da graduação. Eu li que poderia reescrever e transcrever para o artigo. E assim fiz, a proposta da pós era analisar os dados sob uma nova perspectiva, então também foram levantados dados novos e inéditos. Eis que hoje me indagam sobre autoplágio, disseram que não poderia utilizar nenhuma frase da minha monografia sem me citar, porém, como a monografia é expositiva e não opinativa não acho isso correto. Eu entrei aos prantos com essa dúvida, mas me aliviei um pouco após ler os seus textos. Agora estou ansiosa para sair a correção dessa versão! Vou entrar em contato por e-mail. Att. Nathália Duarte em Como escrever um artigo científico a partir de uma monografia aprovada
   Bem, na minha concepção, e de acordo com a premissa básica da Redação Científica, que consiste na obrigatoriedade de mencionarmos as fontes consultadas para escrevermos algo, todos os materiais que forem lidos e utilizados para que um novo texto seja escrito, devem mencionar, obrigatoriamente, da lista das Referências, contendo todos os autores consultados. Inclusive um texto próprio, como é o caso presente.
   Dito de outra forma, se utilizarmos um texto científico desenvolvido pessoalmente, tal qual as demais fontes, deveremos inclui-lo, tanto na lista das Referências, como ao longo do texto. Obviamente que isto implica em autocitação.
  Porém, há que se destacar que, se longos trechos do original forem utilizados sem qualquer modificação ou novas informações, isto sim, irá caracterizar o autoplágio.
   Acerca dele, Gimenez, Gimenez e Bortulucce (2014) referem que “o termo “autoplágio” sequer consta dos dicionários da língua Portuguesa”. Já Spinak (2013) diz que “uma definição simples de autoplágio é usar a própria pesquisa anterior e apresentá-la para publicação como algo novo e original”. 
  Eu diria que, no momento em que uma monografia ou tese for utilizada como base para a escrita de um artigo científico, é importante que as ideias e conceitos sejam reescritos, evitando assim o autoplágio.
   Cabe ressaltar ainda que, de acordo com Martins, Braga e França (2012), “a pressão por novas produções científicas, no âmbito da academia, leva, por assim dizer, os pesquisadores a reutilizarem trechos, maiores ou menores de suas produções anteriores, ensejando a manutenção de suas bolsas de pesquisa”.
   Acredito que o importante mesmo é que todos tenhamos a consciência de que cada novo texto pede uma nova “roupagem”, isto é, que precisa ser reescrito, e de preferência, que sejam incluídas novas informações, fontes e elementos novos, que possam enriquecê-lo ainda mais. 
   Um abraço!
Regina Del Buono
abntouvanvouver@gmail.com
Referências 

DEL-BUONO, Regina C. A Redação Científica e a Lei n. 9.610/1998 - Direitos Autorais. Artigo publicado em 09 jul 2017. Disponível em: [http://www.abntouvancouver.com.br/2017/07/a-redacao-cientifica-e-lei-n-96101998.html]; 

__________, Os textos científicos e a questão do plágio - Lei n. 9.610/1998 - Direitos Autorais. Artigo publicado em 16 jul 2017. Disponível em: 

GIMENEZ, Ana Maria Nunes; GIMENEZ, Claudemir; BORTULUCCE, Vanessa Beatriz. O direito do autor e o autoplágio: entre o lícito, ilícito e o antiético. 2014. 66ª. Reunião Anual da SBPC – Sociedade Brasileira para o progresso da Ciência. Disponível em: [http://www.sbpcnet.org.br/livro/66ra/resumos/resumos/6783.htm]; acesso em 02 fev 2017.

MARTINS, Ana Carolina; BRAGA, Bruna; FRANÇA, Luiza; CHAVES, Romara. A prática do autoplágio no meio acadêmico. Laboratório de Convergência do Centro de Comunicação do Departamento de Comunicação Social UFMG. Julho 2012. Disponível em: [https://www.ufmg.br/cedecom/labcon/formato/materias/a-pratica-do-autoplagio-no-meio-academico/]; acesso em 03 fev 2017.

SPINAK, E. Ética editorial e o problema do autoplágio. SciELO em Perspectiva, 2013. Disponível em: [http://blog.scielo.org/blog/2013/11/11/etica-editorial-e-o-problema-do-autoplagio/]; acesso em 03 fev 2017.

Um comentário:

  1. Prezada Regina,
    Meu nome é Jorge e sou professor da Escola Politécnica da UFRJ.
    Estamos elaborando um Guia de TCC para o meu departamento e, pesquisando sobre o assunto, encontrei seu artigo sobre autoplágio e autocitação.
    Entendi bem a diferença entre autocitação e autoplágio,
    Porém, gostaria de esclarecer uma dúvida sobre esse assunto: como proceder (ou o que recomendar para ser feito) quando o artigo original não for apenas do mesmo autor que o está usando em um TCC ou Dissertação?
    Houve um fato de o autor ser apenas 1 entre 5 pessoas e insistir que o trabalho era seu e que ele poderia usá-lo a vontade...
    Foi mostrado a ele que, pelo fato de ele usar longos trechos do original sem qualquer modificação ou novas informações, isso iria caracterizar o autoplágio, o que queremos evitar.
    Além do mais, ele não havia pedido autorização aos outros autores para usar em seu TCC.
    Resumindo, como proceder quando o artigo original não for de um só autor?
    Desde já agradeço,
    Atenciosamente,
    Jorge Nemésio Sousa
    jnemesiosousa@gmail.com

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